Tendências de RH
Isabela Cavalheiro: a evolução do RH tem Inteligência Artificial com propósito humano
Isabela Cavalheiro revela como a Inteligência Artificial pode transformar o RH até 2026, sem perder o propósito humano no centro da gestão.
Tendências de RH
Isabela Cavalheiro revela como a Inteligência Artificial pode transformar o RH até 2026, sem perder o propósito humano no centro da gestão.
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Lukas Letieres
HR Consultant
15 de outubro, 2025
Estamos no segundo semestre de 2025, e o mercado de Recursos Humanos já começa a projetar quais tendências vão moldar 2026. Entre previsões sobre tecnologia, liderança e cultura organizacional, especialistas de peso compartilham suas apostas, e a Sesame HR reuniu essas vozes em uma série especial e inédita.
A entrevistada de hoje é Isabela Cavalheiro, fundadora do Grupo Trhoca, influenciadora de RH e referência em capacitação de talentos.
Com uma trajetória que une experiência corporativa e reinvenção empreendedora, ela fala com a autoridade de quem viveu os dois lados: a pressão por metas e resultados e, ao mesmo tempo, a urgência de manter o humano no centro.
Em entrevista exclusiva para esta série especial, Isabela revela sua visão sobre como a Inteligência Artificial, a formação de profissionais e o propósito na liderança devem redesenhar o papel do RH nos próximos anos.
Toda análise sobre o futuro do trabalho ganha força quando sustentada pela experiência pessoal de quem fala. No caso de Isabela, essa bagagem é singular: ela transitou por grandes empresas e depois criou seu próprio negócio no setor.
Essa visão híbrida, corporativa e empreendedora, molda a forma como ela enxerga os dilemas atuais do RH:
“Quando estava no mundo corporativo, eu sentia na pele os desafios de entregar resultado e, ao mesmo tempo, cuidar das pessoas. Já no empreendedorismo, tive que aprender a olhar para o negócio como um todo, tomar decisões rápidas e criativas. Isso me ensinou muito sobre como o RH pode ser mais estratégico e menos burocrático”, diz a especialista.
Em um cenário onde o hype tecnológico domina conversas, Isabela resgata uma perspectiva essencial: a inovação não pode ser confundida com propósito.
Segundo Isabela, a Inteligência Artificial e a automação são ferramentas poderosas, mas sua função deve ser liberar tempo e energia para o que só os humanos podem fazer: construir relações de confiança:
“A gente pode (e deve!) usar IA, automação e dados para ganhar agilidade, mas sem esquecer que do outro lado da tela tem gente com sonhos, medos e expectativas. O líder de 2025 precisa entender de negócios e de gente ao mesmo tempo. A tecnologia deve liberar tempo para o que realmente importa: conversas de qualidade, feedbacks honestos e decisões humanas.”
Se para muitos a Inteligência Artificial ainda é sinônimo de automação, para Isabela ela já representa algo maior: um novo modelo mental para a gestão de pessoas.
Isabela enfatiza que a tecnologia começa a transformar processos de recrutamento, avaliação de desempenho e benefícios, mas seu alcance vai além:
“Acredito que a Inteligência Artificial será a tendência que mais vai impactar o dia a dia das empresas. No RH, ela já transforma processos de recrutamento, avaliação de desempenho e desenho de benefícios. Isso significa menos tempo em tarefas operacionais e mais foco em decisões estratégicas.”
O alerta, no entanto, é incisivo: sem ética e diversidade, os algoritmos podem reforçar vieses e aprofundar desigualdades. “O ponto mais relevante é que a IA amplia nossa capacidade de enxergar pessoas de forma mais justa e completa. Para que isso seja positivo, precisamos garantir algoritmos treinados com diversidade e ética. Se não houver cuidado, a tecnologia corre o risco de reforçar os mesmos vieses que já existem”, completa.
A tecnologia avança, mas quem garante resultados são as pessoas. E, na visão de Isabela, o RH brasileiro ainda carrega lacunas preocupantes na formação de seus profissionais.
Ela identifica um descompasso entre intenção e preparo: há disposição para inovar, mas falta base estratégica e técnica para sustentar essa transformação:
“O que mais vejo são profissionais bem-intencionados, mas que ficam presos na operação e têm pouco preparo para pensar estrategicamente. As maiores falhas estão em três pontos: visão de negócio, competências comportamentais e domínio de dados e tecnologia. O RH que não fala a linguagem de dados, fica para trás.”
Isabela não fala apenas de métricas e algoritmos: sua própria trajetória é prova de que o futuro do trabalho também se escreve com experiências humanas profundas.
Sua virada profissional nasceu de um momento de grande mudança pessoal, que revelou na prática o valor da resiliência e do propósito:
“Foi quando minha vida estava de cabeça para baixo que entendi, na prática, o que é resiliência: seguir em frente mesmo sem ter todas as respostas. Propósito não é frase bonita na parede, é o que faz você levantar nos dias mais difíceis. E o time sente quando você tem clareza disso.”
Essa lição, segundo ela, precisa ser internalizada pelos líderes: quem não cuida de si mesmo não consegue sustentar times engajados.
Isabela não se limita a falar sobre tendências ou boas práticas. Sua mensagem é um chamado direto para que os profissionais de RH deixem de atuar como coadjuvantes e passem a ocupar o centro da estratégia das empresas.
Para ela, a transformação não virá pronta em um manual: depende da iniciativa de cada gestor que atua na linha de frente.
“Pare de esperar que a mudança venha de cima. Ser protagonista não é ter todas as respostas, é ter coragem de agir. Questione processos engessados, proponha novos caminhos, traga dados que sustentem suas ideias”, provoca.
A especialista ressalta que, quando o RH sai do papel de apagar incêndios e assume de fato a função de estrategista, o impacto é imediato.
A liderança passa a enxergar a área como parceira, o engajamento das equipes cresce e até a forma como o próprio profissional enxerga sua carreira se transforma.
Mais do que um conselho, é um desafio de reposicionamento: o RH precisa provar, com resultados concretos, que é capaz de moldar cultura, acelerar inovação e influenciar diretamente a performance do negócio.
A síntese da visão de Isabela Cavalheiro é contundente: a tecnologia será inevitável, mas o diferencial competitivo continuará sendo humano.
A Inteligência Artificial pode acelerar processos, personalizar experiências e reduzir erros, mas só a empatia e a confiança conseguem construir ambientes de trabalho engajadores e sustentáveis.
No horizonte de 2026, sua provocação é clara: empresas que conseguirem unir dados e humanidade, métricas e histórias, algoritmos e abraços terão o RH capaz de impactar o negócio e transformar vidas.
👉 Esse artigo faz parte da série especial da Sesame HR, reunindo os principais especialistas e influenciadores que marcaram presença no CONARH 2025.
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