Tendências de RH
Como engajar colaboradores em um cenário híbrido: boas práticas de RH
Descubra as boas práticas de RH para manter o engajamento e o senso de pertencimento em equipes híbridas, segundo Débora Boscolo.
Tendências de RH
Descubra as boas práticas de RH para manter o engajamento e o senso de pertencimento em equipes híbridas, segundo Débora Boscolo.
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Lukas Letieres
HR Consultant
13 de outubro, 2025
O modelo híbrido se consolidou nas empresas, mas trouxe novos desafios para a gestão de pessoas. Manter o engajamento e o senso de pertencimento em equipes que não estão fisicamente juntas é uma das maiores preocupações atuais dos líderes e profissionais de Recursos Humanos.
Dentro desse novo contexto, as boas práticas de RH tornaram-se essenciais para garantir vínculos reais, comunicação efetiva e uma cultura sólida, mesmo à distância.
Para compreender como o engajamento pode ser cultivado nesse cenário e quais estratégias realmente funcionam,a Sesame HR entrevistou Débora Boscolo, Top 1 HR Influencer Brasil, consultora em educação e comportamento humano e uma das vozes mais influentes do país quando o assunto é gestão de pessoas e liderança humanizada.
Segundo Débora Boscolo, o maior desafio do modelo híbrido é preservar o sentimento de pertencimento quando a equipe não está presencialmente reunida.
“O principal desafio é manter o sentimento de conexão e propósito quando as pessoas estão fisicamente distantes. No presencial, o engajamento acontecia muito pelo convívio: o olhar, o café, a conversa espontânea. No híbrido, precisamos intencionalizar o vínculo — ele não nasce por acaso”, explica.
Para a especialista, a falta de convivência cotidiana pode gerar afastamento emocional, já que “o risco é o colaborador começar a trabalhar para a tela e não mais para o time. É aí que o RH e a liderança precisam atuar com mais proximidade emocional, garantindo que cada pessoa saiba por que faz parte, o que entrega e o quanto é importante”, enfatiza.
A comunicação é uma das primeiras áreas a sofrer impacto quando o time se distribui entre casa e escritório. Débora lembra que “tudo muda, principalmente o tom e o tempo da comunicação. Quando estamos longe, a ausência de gestos e expressões pode distorcer intenções. Então, o cuidado com as palavras, o contexto e o ritmo de resposta se torna essencial.”
Para ela, a constância e a personalização fazem toda a diferença:
“Feedbacks e reconhecimentos precisam ser frequentes, curtos e personalizados. O que antes era uma conversa de corredor, agora precisa ser planejado. E mais do que nunca, reconhecer publicamente e com propósito faz diferença. As pessoas querem se sentir vistas, mesmo quando a câmera está desligada.”
Débora Boscolo reforça que, nesse novo contexto, o RH deve atuar como educador emocional. “O RH precisa atuar como educador emocional e facilitador de conexões. Isso significa preparar os líderes para ouvir de verdade, compreender o contexto humano por trás de cada entrega e fortalecer a empatia no dia a dia.”
Ela ressalta que ferramentas tecnológicas são importantes, mas não suficientes: “Ferramentas ajudam, mas vínculo é sobre presença emocional, não apenas presença digital. Programas de mentoria, check-ins semanais e conversas sobre saúde mental são caminhos que ajudam os gestores a criar relações autênticas mesmo a quilômetros de distância.”
Embora o distanciamento físico traga desafios culturais, Débora acredita que a essência da cultura organizacional não se perde, apenas se transforma:
“Sim, a cultura sente, mas ela não enfraquece, ela se transforma. Estar junto fisicamente facilita a transmissão de valores, mas o verdadeiro pertencimento nasce da coerência entre discurso e prática.”
Ela ressalta que o exemplo continua sendo a principal ferramenta de manutenção cultural: “se o líder age com respeito, transparência e empatia mesmo no digital, ele mantém a cultura viva. A distância física não apaga valores; o que os apaga é a incoerência entre o que a empresa fala e o que de fato entrega.”
Ao contrário do que muitos acreditam, a tecnologia sozinha não é o elemento central do engajamento. Débora é enfática: “A tecnologia é o meio, não o fim. Ela aproxima, integra e democratiza a comunicação, mas sozinha, não engaja. Ferramentas digitais precisam vir acompanhadas de propósito e humanidade.”
Segundo a especialista, a mensagem automatizada jamais substituirá uma conversa sincera. “O segredo está em usar a tecnologia como ponte para o humano, e não como barreira. O digital deve ampliar a escuta e não padronizar o sentimento”, diz.
Ao olhar para o futuro, Débora Boscolo acredita que o engajamento no trabalho passará por um processo ainda mais humano e intencional. “Escuta, propósito e coerência. Escutar mais do que falar. Conectar cada pessoa ao sentido do trabalho que realiza. E garantir que o que a empresa promete ao contratar é o que ela entrega no cotidiano.”
Para ela, o engajamento dos próximos anos será menos sobre indicadores e mais sobre significado. “Em 2025, engajamento não será sobre métricas, será sobre sentido. O colaborador engaja quando sente que é parte de algo maior e quando percebe que sua presença faz diferença.”
As reflexões de Débora Boscolo reforçam que o futuro do engajamento não depende apenas de políticas ou ferramentas, mas da capacidade das organizações de criar relações de confiança e coerência.
O RH deixa de ser apenas gestor de processos para assumir o papel de curador de vínculos humanos, promovendo ambientes onde o trabalho faz sentido e as pessoas se reconhecem no propósito coletivo.
Em um mundo híbrido, dinâmico e digital, o desafio das lideranças será justamente esse: manter viva a conexão entre propósito e prática, transformando cada interação – presencial ou virtual – em uma oportunidade real de pertencimento.